Thursday, October 29, 2009

Portuguese man-of-war at the beaches of the São Sebastião Channel: a threat to the swimmer tourists

[English version coming soon]

Caravelas-portuguesas nas praias do Canal de São Sebastião: um risco para os banhistas


Nos últimos dois dias (28 e 29 de outubro de 2009), centenas de hidrozoários da espécie Physalia physalis (Linnaeus, 1758) – conhecidas popularmente como caravelas-portuguesas – foram observadas nas praias ao longo do Canal de São Sebastião. A espécie é potencialmente perigosa para os banhistas, especialmente as crianças, devido a uma toxina que introduz no corpo da vítima quando esta toca seus tentáculos. Dentre os cnidários relacionados a acidentes com banhistas, a “queimadura” causada pelas caravelas está entre as mais dolorosas.


A caravela-portuguesa é um cnidário colonial – aparentado com as águas-vivas – que possui, em cada colônia, quatro tipos de indivíduos polipóides. O pneumatóforo (ou flutuador) é um único pólipo translúcido, de coloração azulada, rosada ou arroxeada, que secreta um gás e se infla, tornando a colônia flutuante. Ligados a este estão os gastrozoóides (especializados na digestão do alimento capturado), os gonozoóides (responsáveis pela reprodução sexuada) e os dactilozoóides (pólipos com longos tentáculos recobertos por cnidas, responsáveis pela captura de alimentos e defesa da colônia). Estes últimos são os mais perigosos para os banhistas, uma vez que podem ser muito longos – por vezes ultrapassando os 20 metros de comprimento – e podem conter até 80 mil cnidas a cada metro. As cnidas disparam, quando em contato com a pele do banhista, injetando uma toxina de efeito antigênico e hemolítico, causando a necrose da pele na região atingida e, até mesmo, a morte da vítima por anafilaxia em casos extremos (vide Burnett e Gable 1989).


No Brasil, embora não sejam conhecidos casos fatais de acidentes relacionados às caravelas-portuguesas, um grande número de acidentes vem sendo noticiado nos últimos anos. Segundo Williamson et al. (1996) e Szpilman (1998), no verão de 1994 foram registrados cerca de 300 casos de acidentes nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Outros cerca de 900 casos foram registrados na costa de São Paulo nos dias que antecederam o reveillon entre 2007 e 2008. Muitos das vítimas destes casos chegaram a necessitar de atendimento médico e, dentre estas, algumas crianças chegaram a apresentar para respiratória, tendo sido reanimadas em seguida (Williamson et al., 1996). Casos de acidentes com Physalia no Brasil já foram reportados pela comunidade científica em pelo menos duas ocasiões (vide Freitas et al. 1995 e Haddad Jr. et al. 2002).


As caravelas-portuguesas são animais oceânicos e a sua aproximação da costa depende de uma série de fatores físicos, como as correntes marinhas e os ventos, que podem levar à formação de agregações e “empurrá-las” para as áreas costeiras. Estes fenômenos podem ocorrer em diversas épocas do ano. A alta incidência de acidentes com banhistas no verão está mais relacionada à maior presença destes nas praias nos períodos de férias do que, propriamente, à sazonalidade na ocorrência das caravelas-portuguesas.


Para evitar o acidente com caravelas-portuguesas durante o passeio na praia, seguem algumas recomendações:
- Evitar o banho de mar em áreas onde estes animais estão presentes na areia. Se alguns espécimes ficaram encalhados na areia, é bem possível que outros ainda estejam na água.
- Sair da água ao se observar a presença de um flutuador. Como os tentáculos são muito longos, uma pessoa pode se acidentar mesmo não estando tão perto do flutuador.
- Nunca tocar no animal, mesmo que este esteja na areia, com aspecto de morto. Muitas cnidas ainda podem estar intactas e disparar ao contato com a pele da vítima.
- Preferencialmente utilizar roupas de lycra ou neoprene durante o banho de mar. Mesmo roupas finas, como meias calças, já possuem espessura suficiente para evitar que as cnidas penetrem na pele do banhista.
- Observar o comportamento das crianças na praia, nunca deixando-as longe do alcance e desencorajá-las a tocar em objetos que possam parecer águas-vivas ou flutuadores de caravelas-portuguesas.

Em caso de acidente, é importante seguir as seguintes instruções:
- Lave bem a área atingida com água do mar para tentar retirar as cnidas ainda não disparadas que possam estar aderidos à pele. Nunca utilize água doce, pois esta causa o disparo das cnidas por ação osmótica.
- Se houver pedaços dos tentáculos, retire-os cuidadosamente com o auxílio de algum objeto (nunca diretamente com a mão), evitando friccioná-los.
- Lave a região afetada com vinagre. Isso aliviará a dor e a inflamação, além de inativar a toxina residual das cnidas ainda não disparadas.
- Nunca lave a área atingida com urina! Embora alguns autores recomendem este procedimento, estudos recentes mostram que, na maioria dos casos, a urina não é mais eficiente que a água do mar, além de aumentar o risco de infecção.
- Se possível, aplique compressas de água do mar fria na região afetada.
- Procure o serviço médico o mais rapidamente possível. Complicações decorrentes de processos alérgicos, como choques anafiláticos, são comuns e, nestes casos, um rápido atendimento pode fazer a diferença na recuperação da vítima.

Para saber mais sobre as caravelas-portuguesas e o fisalismo:
Veja também o folheto "Animais marinhos: prevenção de acidentes e primeiros cuidados", elaborado por Alvaro Migotto (CEBIMar-USP), Shirley Pacheco (Inst. Terra e Mar) e Vidal Haddad Jr. (UNESP), disponível em PDF.



[Versíon en español]
Carabelas portuguesas en las playas del Canal de São Sebastião: un riesgo para los bañistas

En 28 y 29 de octubre de 2009, centenas de hidrozoos de la especie Physalia physalis (Linnaeus, 1758) – conocidas popularmente como carabelas-portuguesas – fueron observadas en playas a lo largo del Canal de São Sebastião. La especie es potencialmente peligrosa para bañistas, especialmente los más pequeños, debido a una toxina que es introducida en el cuerpo de la víctima cuando toca sus tentáculos. Entre los cnidarios relacionados con accidentes de bañistas, la “quemadura” causada por las carabelas está entre las más dolorosas.

La carabela-portuguesa es un cnidario colonial – emparentado con las aguas-vivas – que poseen, en cada colonia, cuatro tipos de individuos polipóides. El pneumatóforo (o flotador) es un único pólipo translúcido, de coloración azulada, rosada o púrpura, que secreta un gas y se infla, tornando la colonia flotante. Unidos a éste se encuentran los gastrozoides (especializados en la digestión del alimento capturado), os gonozoides (responsables por la reproducción sexual) y los dactilozoides (pólipos con largos tentáculos recubiertos por cnidos, responsables por la captura de alimentos y la defensa de la colonia). Estos últimos son los más peligrosos para los bañistas, una vez que pueden ser muy largos – en algunos casos superando los 20 metros de longitud – e pueden contener hasta 80mil cnidos por metro. Los cnidos se disparan cuando entran en contacto con la piel del bañista, injectando una toxina de efecto antigénico y hemolítico, causando la necrosis de la piel en la región afectada,  e inclusive, la muerte de la víctima por anafilaxia en casos extremos (Burnett y Gable 1989).

En el Brasil, aunque no sean conocidos los casos fatales de accidentes relacionados con carabelas de mar, un gran número de accidentes vienen siendo informados en los últimos años. Según Williamson et al. (1996) y Szpilman (1998), en el verano de 1994 fueron registrados cerca de 300 casos de accidentes en las playas de Rio de Janeiro y São Paulo. Cerca de otros 900 casos fueron registrados en la costa de São Paulo, en los días que anteceden al inicio de 2008. Muchas de las víctimas en estos casos llegaron a necesitar de atención médica y, entre estas, algunos niños llegaron a presentar paro respiratorio, teniendo que ser reanimadas (Williamson et al. 1996). Casos de accidentes con Physalia en el Brasil ya fueron reportados por la comunidad científica al menos en dos ocasiones (Freitas et al. 1995 y Haddad Jr. et al. 2002).

Las carabelas portuguesas son animales oceánicos, y su aproximación a la costa depende de una serie de factores físicos, como las corrientes marinas y los vientos, que pueden llevar a la formación de agregaciones y “empujarlas” para las áreas costeras. Estos fenómenos pueden ocurrir en diversas épocas del año. La alta incidencia de accidentes con bañistas en el verano está más relacionada con la mayor presencia de éstos en las playas en los períodos de vacaciones, que relacionados a la sonalidadas en la ocurrencia de las carabelas portuguesas.

Para evitar accidentes con carabelas portuguesas durante un paseo en la playa, siguen algunas recomendaciones:
- Evitar entrar en el agua de mar en áreas donde estas especies quedan “encalladas” en la arena, siendo bien posible que otras estén en el agua próxima.
- Salir del agua al observar la presencia del órgano flotante: como los tentáculos son muy largos, una persona se puede accidentar inclusive no estando tan cerca del órgano flotante.
- Nunca tocar el animal, inclusive si se encuentra en la arena, con aspecto de muerto. Muchos cnidos todavía pueden estar intactos y dispararse al contacto con la piel de la víctima.
- Preferentemente usar ropas de lycra, o neoprene, durante el tiempo que pase en el mar. Las ropas finas como medias calzas, ya poseen espesura suficiente para evitar que los cnidos penetren en la piel del bañista.
- Observar el comportamiento de los niños en la playa, nunca dejándolos lejos del alcance de un adulto, e insistir en el consejo de no tocar objetos que puedan tener un aspecto similar a las aguas vivas, o a flotadores de las carabelas portuguesas.
En caso de accidente, es importante seguir estas instrucciones:
- Lave bien el área afectada con agua de mar, intentando retirar los cnidos todavía no disparadas que puedan estar adheridos a la piel. Nunca utilice agua dulce, ya que esto dispara los cnidos por acción osmótica.
- Si hubiesen pedazos de tentáculos, retirelos cuidadosamente con el auxilio de algún objeto (nunca directamente con la mano), evitando friccionarlos.
- Lave la región afectada con vinagre. Esto aliviará el dolor y la inflamación, además de inactivar la toxina residual de los cnidos todavía no disparados.
 - ¡Nunca lave el área afectada con orina! Aunque algunos autores recomiendan este procedimiento, estudios recientes demuestran que , en la mayoría de los casos, la orina no es más eficiente que el agua de mar, además de aumentar el riesgo de infección.
- De ser posible aplique compresas de agua de mar fría en la región afectada.
- Busque el servicio médico lo más rápido posible. Problemas decurrentes de cuadros alérgicos, como shock anafiláctico son comunes y en estos casos un rápido tratamiento médico adecuado puede ser la diferencia en la correcta recuperación de la víctima.

Para saber más sobre las carabelas portuguesas: 

Vea también "Animais marinhos: prevenção de acidentes e primeiros cuidados", elaborado por Alvaro Migotto (CEBIMar-USP), Shirley Pacheco (Inst. Terra e Mar) y Vidal Haddad Jr. (UNESP), disponible en PDF.

Texto de Otto M. P. Oliveira (CEBIMar-USP).
Versión en español por Max Marrona (IB-USP). 

1 comment:

  1. Nossa isso as pessoas devem tomar muito cuidado

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